O Santo do Dia - São João Bosco (31 de Janeiro)

(ver anterior, dia 30)

São João Bosco
(31 de Janeiro)
Confessor
(festa de 3º classe - paramentos brancos)

A liturgia venera em S. João Bosco o santo de alma simples, radiosa e ardente, cuja confiança na
Providência Divina lhe dera o privilégio de dominar todas as dificuldades e levar, sempre de vencida, todos os obstáculos. Nasceu nas proximidades de Turim, em 1815, e consagrou, às crianças e à juventude abandonada. Para os abrigar e instruir, e levá-los a organizar honestamente a própria vida, criou, sem mais recursos que os que lhe oferecia a intrepidez da sua Fé, obras numerosas e sempre prodigiosamente prósperas. Fundou  sucessivamente o Instituto dos Padres Salesianos, em 1868, e das Filhas de Maria Auxiliadora, em 1876. Morreu em Turim, em 1888, com larga reputação de taumaturgo. 

(continuação, dia 1 de Fevereiro)

O Santo do Dia - Santa Martinha (30 de Janeiro)

(ver anterior, dia 29)

Santa Martinha
(30 de Janeiro)
Virgem e Mártir
(festa de 3ª classe - paramentos brancos)

Sta. Martinha pertencia à mais alta aristocracia romana. Perdeu os seus pais muito cedo, e por amor de Cristo doou todos os seus bens aos pobres, fez voto de castidade e foi recebida entre as diaconisas. Sofreu o martírio por se recusar a adorar Apolo, que o imperador Alexandre Severo tinha tentado induzi-la. No século VIII, foi construída em Roma em sua honra uma igreja no lugar onde fora um anexo do senado romano.

(continuação, dia 31)


O Santo do Dia - São Francisco de Sales (29 de Janeiro)

(ver anterior, dia 28)

São Francisco de Sales
(29 de Janeiro)
Bispo, Confessor, e Doutor
(festa de 3º classe - paramentos brancos)

Uma grande amor de Deus e das almas, acrescido de grande bondade, de muita ciência e de excepcional lucidez de doutrina, fizeram de S. Francisco o maior Apóstolo do seu tempo e um dos mestres de vida espiritual mais lidos. Bispo de Genebra, reconduziu à Igreja grande parte do Chablais, que a heresia protestante havia pervertido. Com S. Joana de Chantal, que dirigia, fundou a Visitação e escreveu para as religiosas o célebre "Tratado do Amor de Deus". A "introdução à Vida Devota", que escrevera para a gente do mundo, é das obras cuja influência larga e duradoira marcou mais fundamente a espiritualidade do nosso tempo. Morreu em Lião a 28 de Dezembro de 1622. A data de hoje recorda-nos a translação das suas relíquias para Anecy.

(continuação, dia 30

O Santo do Dia - São Pedro Nolasco (28 de Janeiro)

(ver anterior, dia 27)

São Pedro Nolasco
(28 de Janeiro)
Confessor
(festa de 3ª classe - paramentos brancos)

S. Pedro Nolasco entregou-se de corpo e alma ao apostolado da libertação dos captivos das mãos dos muçulmanos. A Ordem de Nossa Senhora das Mercês, que o Santo fundou, obrigava, por voto, todos os seus religiosos a deixarem-se eles mesmos aprisionar, se tanto fosse necessário, para libertar os seus irmãos na Fé. Morreu, em Barcelona, a 25 de Dezembro de 1256.


(continuação, dia 29)

O Santo do Dia - São João Crisóstomo (27 de Janeiro)

(ver anterior, dia 26)

São João Crisóstomo
(27 de Janeiro)
Bispo, Confessor e Doutor
(festa de 3ª classe - paramentos brancos)

S. João Crisóstomo, foi arcebispo de Constantinopla e uma das mais raras figuras de prelado de todos os tempos. Com Sto. Atanásio, S. Gregório e S. Basílio forma o grupo dos quatro grandes doutores da Igreja Oriental. A sua eloquência, que deslumbrava Constantinopla, valeu-lhe o sobrenome de Crisóstomo, que quer dizer, boca de oiro, e arrastava as multidões, que se comprimiam, ávidas de o escutar, dentro da sua catedral. A coragem com que flagelou  e denunciou, do alto do púlpito, os vícios dos seus contemporâneos, arrastou-o ao exílio, onde foi objecto de todo o género de maus tratos. A 27 de Janeiro venera-se a translação de suas relíquias que se veneram na Basílica de S. Pedro de Roma. Morreu no dia 14 de Setembro de 407.

(continuação, dia 28)

O Santo do Dia - São Policarpo (26 de Janeiro)

(ver anterior, dia 25)

São Policarpo
(26 de Janeiro)
Bispo e Mártir
(festa de 3º classe - paramentos vermelhos)

S. Policarpo foi discípulo de S. João e Bispo de Esmirna. Foi condenado à pena de fogo, 156, com cerca de 86 anos, e aceitou, cheio de paz, alegremente, o martírio. As actas da sua prisão e morte falam-nos da grande calma com que se houve na dura prova e da veneração dos fiéis da Esmirna tinham pelo seu velho pastor. É uma das páginas mais belas da antiguidade cristã. Não se poderia escolher para a Missa de S. Policarpo melhor texto que este belo passo de S. João, onde o Apóstolo nos diz que o dom da própria vida é o sinete que distingue os verdadeiros discípulos de Cristo.

(continuação, dia 27)

O Santo do Dia - Conversão de São Paulo (25 de Janeiro)

(ver anterior, dia 24)

Conversão de São Paulo
(25 de Janeiro)
(festa de 3º classe - paramentos brancos)

A epístola, tirada dos Actos dos Apóstolos, refere o episódio da conversão daquele que ficou sempre na Igreja como o Apóstolo da excelência, cujos ensinamentos ela não se cansa de nos lembrar. Inimigo encarniçado de Cristo e perseguidor da primeira família cristã, Paulo de Tarso vai-se tornar, no caminho de Damasco o Apóstolo que por amor do mesmo Cristo, que perseguia, se lançará com todo o peso da sua alma vigorosa à conquista do mundo pagão. Todos os povos devem aprender dele que Jesus é o Filho de Deus e Salvador do mundo.


(continuação, dia 26)

O Santo do Dia - São Timóteo (24 de Janeiro)

(ver anterior, dia 23)


S. Timóteo

(24 de Janeiro)
Bispo e Mártir
(festa de 3ª classe - paramentos vermelhos)

Na véspera da conversão S. Paulo, quis a Sta. Igreja festejar S. Timóteo, companheiro fiel das viagens do grande apóstolo. A epístola da Missa é um passo da carta que S. Paulo, no fim dos anos, dirigiu ao discípulo e amigo para lhe recordar os deveres graves que sobre ele pesavam, em virtude do múnus pastoral que recebera.


(continuação, dia 25)

O Santo do Dia - São Raimundo de Penaforte (23 de Janeiro)

(ver anterior, dia 22)

São Raimundo de Penaforte
(23 de Janeiro)
Confessor
(festa de 3ª classe - paramentos brancos)

Nasceu em Penaforte, nas imediações de Barcelona, e foi das mais luzidas glórias da Ordem de S. Domingos. Notável moralista e não menos notável director das almas, pôs a sua ciência, que era grande, ao serviço da conversão dos mouros. Tornaram-no célebre os seus milagres e a dedicação heróica com que se devotou à salvação das almas. Morreu em 1275, com 95 anos de idade.








No mesmo dia:

Santa Emerenciana
(23 de Janeiro)
Virgem e Mártir
(comemoração - paramentos vermelhos)

O culto de Sta. Emerenciana andou sempre associado ao de Sta. Inês e teve em Roma o seu centro, não longe da basílica de Sta. Inês extra-muro, à via Nomentana. Referem as actas de Sta. Inês que Emerenciana era sua irmã de leite, e que, ainda catecúmena morrera lapidada, sobre o túmulo da jovem irmã, onde fora orar.

(continuação, dia 24)

O Santo do Dia - São Vicente e Santo Anastácio (22 de Janeiro)

(ver anterior, dia 21)



São Vicente e Santo Anastácio
(22 de Janeiro)
Mártires
(festa de 3º classe - paramentos vermelhos)


A Igreja venera, no mesmo dia, o grande diácono das Espanhas, S. Vicente, que sofreu o martírio em Valência , em 304, e Sto. Anastácio, monge persa, que foi decapitado  em 628. Roma consagrou a estes dois mártires duas igrejas e uma delas, a da Três Fontes, local onde quer a tradição tenha sido martirizado o Apóstolo S. Paulo, conserva parte das relíquias destes dois defensores da Fé. 
O culto de S. Vicente foi outrora quase tão célebre como o de S. Lourenço e Sto. Estêvão e os nomes dos três mártires ainda vêm reunidos na mesma invocação.

(continuação, dia 23

O Santo do Dia - Santa Inês (21 de Janeiro)

(ver anterior, dia 20)

Santa Inês
(21 de Janeiro)
Virgem e Mártir
(festa de 3ª classe - paramentos vermelhos)

Sta. Inês é, com Sta. Cecília, uma das mais ilustres mártires de Roma. E com razão. De facto na maré alta duma perseguição atrocíssima, quando a massa dos fiéis e até grande parte do clero se deixavam miseravelmente arrastar à defecção, esta virgem conservou-se valentemente fiel ao Senhor, e sacrificou-lhe com alegria as galas da sua juventude. Sto. Ambrósio e S. Dâmaso exaltam, à compita, a virtude desta mártir. Pelos princípios do século IV, já pacificada a Igreja, a filha mais velha de Constantino mandou levantar sobre o túmulo da Santa, à via Nomentana, um templo que ainda se conserva e é dos mais notáveis da cidade eterna. O nome de Sta. Inês foi inscrito no cânon da Missa.

(continuação, dia 22)

O Santo do Dia - Santos Favião e Sebastião (20 de Janeiro)

(ver anterior, dia 19)
Relíquia - cabeça de S. Fabião. Da Real Basílica
de N. Senhora da Conceição de Castro Verde
(Portugal)
São Fabião
(20 de Janeiro)
Papa e Mártir



São Sebastião
Mártir
(festa de 3ª classe - paramentos vermelhos)
O culto destes dois mártires andou sempre unido nos mais antigos martirológicos e ainda hoje assim se conserva na ladainha dos santos. A despeito da perseguição S. Fabião conseguiu organizar o quadro da vida religiosa na Roma cristã, dividindo, por esse motivo, a cidade em sete sectores administrativos e colocando à frente de cada um diácono. Morreu nos primeis dias da perseguição de Décio, que honrando inconscientemente a Igreja ainda quase no berço, olhava o chefe dela como inimigo perigoso e um rival. 

S. Sebastião, mártir romano dos princípios do século IV, ficou nas páginas da tradição cristã como tipo do guerreiro crente, fiel à sua Fé com a mesma energia e firmeza com que o era às suas divisas de soldado. O seu culto tornou-se rapidamente popular em toda a Igreja latina e os soldados depressa o tomaram como padroeiro, apresentando-o, com frequência, varado de setas. Roma não tardou a levantar-lhe sobre as catacumbas da via Apenina, uma basílica, muito visitada dos peregrinos. 

(continuação, dia 21)

O Santo do Dia - Santos Mário, Marta, Audíface e Ábaco (19 de janeiro)

(ver anterior, dia 18)


Santos Mário, Marta, Audíface e Ábaco 
(19 de Janeiro)
Mártires
(comemoração - paramentos vermelhos)

A Santa Igreja festeja hoje um grupo de mártires romanos do século III ou IV. Os textos da Missa estabelecem o contraste dos sofrimentos do martírio com a alegria da eternidade e o triunfo de Deus nos seus Santos.




No mesmo dia:




S. Canuto
(19 de Janeiro)
Rei e Mártir
(comemoração - paramentos vermelhos)

Foi Rei da Dinamarca e assassinado às mãos dos inimigos da Fé que lhe não suportaram nem o zelo pela palavra de Deus, nem a energia com que impunha o respeito das Leis. Massacraram-no em Odessa, na igreja de Sto. Albano, a 10 de Julho de 1086.

(ver continuação, dia 20)

O Santo do Dia - Santa Prisca (18 de janeiro)

Baptismo de Sta. Prisca
(ver anterior, dia 17)




Santa Prisca
(18 de Janeiro)
Virgem e Mártir
(comemoração - paramentos vermelhos)

Santa Prisca, virgem e mártir, padeceu martírio em Roma, sendo de treze anos, no terceiro do império de Cláudio. Foi filha de um nobre cidadão, que fôra três vezes Cônsul de Roma. Esta virgem acharam os ministros do imperador na igreja, e a prenderam e levaram a Cláudio, e por seu mandado foi levada ao templo de Apolo para lhe fazer sacrifício; mas orando ela ao Senhor, tremeu a terra e caiu o ídolo e a quarta parte do templo, e matou muitos gentios e os sacerdotes dos ídolos. Fugiu o imperador atemorizado, e o demónio bradava pelos ares que o lançavam porá da casa onde morava sessenta e cinco anos em companhia de noventa e três espíritos mais seus súbditos.
Mandou o imperador que injuriassem a Santa com bofetadas, mas logo veio sobre ela uma luz do Céu, e a voz de Deus, que a confortou. No seguinte dia a mandou Cláudio despir, e que nua a açoitassem com varas até a matarem; porém sendo consolada por Jesus Cristo, apareceu seu rosto resplandecente como estrela. Mandou-a meter no cárcere, e que com gordura fervendo escaldassem todo o seu corpo. Em toda a noite ouviram cantar a virgem com multidão de Santos; e quando pela manhã a quis tirar para fora Limineu, parente do imperador, sentiu excelente cheiro, e entrando no cárcere a achou rodeada de Anjos, e assentada em uma cadeira, e querendo derriba-la, desapareceram os Anjos; e sendo apresentada diante do César, e levada ao templo para sacrificar, bradava o demónio dizendo: que o fogo, que procedia dos quatro cantos do templo, o abrasava. Veio logo fogo do Céu, que queimou os sacerdotes, e parte dos gentios, e o ídolo ficou desfeito em cinza.
Vendo Cláudio isto, mandou entregar a Santa ao corregedor da cidade para a castigar, e sendo levada à audiência do juiz, lhe rasgaram suas carnes com unhas de ferro, e depois disso a meteram no cárcere; mas passando o juiz por ali a cavalo, viu por uma fresta dele, que a Santa estava assentada num trono, e tinha seu rosto muito claro e resplandecente. Selou logo o cárcere com seu anel, e deixou cinquenta soldados em guarda, os quais a ouviram naquela noite cantar com os Anjos. Sendo manhã a mandou levar ao anfiteatro, e lançar às feras: soltaram-lhe um bravíssimo leão, a que davam cada dia uma ovelha a comer, e havia quatro dias que lha não davam. Saindo ele ao terreiro, se foi correndo para onde estava a virgem, e lançando-se a seus pés, começou a lambê-los, pelo que o mandaram recolher, e ele arremeteu a um parente do imperador e o matou. Vendo Cláudio isto, mandou-a tornar ao cárcere, e que se lhe não desse de comer três dias.
No fim deles a tiraram do cárcere, e achando-a com inteiras forças, e com o rosto muito alegre e resplandecente, a mandou pendurar no aquleu ou cavalete, e rasgar-lhe com unhas de ferro as costas; mas logo os braços e mãos dos algozes, foram atormentados de grandes dores. Foi depois disso lançada em um grande fogo, mas vindo de repente uma grande chuva, e vento furioso, apagou-se o fogo e a virgem ficou livre. Atribuindo Cláudio isto à arte mágica, mandou-lhe cortar os cabelos, para que assim cessassem os feitiços. Feito isto, a mandou encerrar no templo dos ídolos, e fechou a porta, selando-a com seu anel, mas ali foram ouvidas vozes de Anjos, que juntamente com ela louvavam a Deus. Dali a três dias entrou o imperador no templo, e achou a virgem assentada num trono, cercada de Anjos, e junto do pé da coluna estava o ídolo quebrado. Pelo qual muito irado Cláudio a mandou degolar fora da cidade. Mas a virgem gloriosa fazendo oração ao Senhor, que recebesse seu espírito, com voz angélica foi convidada para a glória. E assim foi degolada, e os carcereiros caíram logo mortos.
Sendo isto dito ao Santo bispo da cidade de Roma, veio com seus clérigos para sepultar o corpo da Santa virgem mártir, achou duas águias sobre ele, que o guardavam, para que não fosse tocado das feras. E recolhendo o bispo aquele santo corpo, o sepultou dez milhas da cidade na via hostiense, onde fôra degolada. O imperador ferido de grave enfermidade, mordendo suas próprias carnes, dali a poucos dias miseravelmente espirou. No tempo do papa Euriciano foi divinamente revelado o lugar, onde estava o corpo da bemaventurada  virgem ao mesmo Papa, e ele o levou à cidade, e o sepultou honradamente na igreja dos Santos mártires Aquila e Prisca, e no lugar, onde foi degolada, edificaram os fiéis uma igreja em sua memória. Padeceu esta Santa virgem a 18 de Janeiro. (Flos Sanctorum - Lisboa 1869)
(continuação, dia 19)

O Santo do Dia - Santo Antão (17 de janeiro)

(ver anterior, dia 16)

Santo Antão
(17 de Janeiro)
Abade
(festa de 3ª classe - paramentos brancos)

Poucos dias depois de celebrarmos a festa de S. Paulo, o Pai dos anacoretas, prepara-se a Santa Igreja para celebrar a de Sto. Antão, o fundador dos cenobitas. Antão retirou-se ao deserto, com 18 anos de idade, para aí viver como um solitário até à morte. O demónio, para o levar a deixar o ermo, tomava, a fim de o espantar, as formas mais extravagantes e repulsivas. O santo não vacilava. E o exemplo da sua vida, que já se não continha no deserto, começou a trazer-lhe, de longe e de largo, numerosos discípulos que organizou à sua volta, lançando assim, no seio da Igreja, as bases da vida religiosa comunitária. Essa primeira tentativa de vida comum impregnou-a Sto. Antão com o espírito da sua doutrina, larga e profunda, amadurecida na solidão e na prece, a qual ficou sendo, e ainda é, a melhor parte da ascese cristã. Morreu em 356. Sto. Atanásio, que foi seu amigo pessoal, escreveu-lhe a vida, que o tornou conhecido no Oriente.

(continuação, dia 18)

O Santo do Dia - São Marcelo I (16 de janeiro)

(ver anterior, dia 15)

São Marcelo I
(16 de Janeiro)
Papa e Mártir
(festa de 3ª classe - paramentos vermelhos)

Eleito Papa em 308, ainda no rescaldo das primeiras perseguições de Diocleciano, reorganizou a Hierarquia eclesiástica destruída pelas violências pagãs. Sabemos, por um epitáfio de S. Dâmaso, que o Santo Pontífice, como verdadeiro pastor, ordenou que se admitissem os apóstatas à penitência e à reconciliação eclesiástica. Nunca se afastou desta linha de proceder que julgava imprescindível do seu múnus de Pastor Universal. Morreu em 309, vítima dos maus tratos que sofrera.

(continuação, dia 17)

O Santo do Dia - São Paulo Eremita (15 de janeiro)

"O justo vive da fé"
(ver anterior, dia 14)


São Paulo Eremita
(15 de Janeiro)
Confessor
(festa de 3ª classe - paramentos vermelhos)


Foi S. Jerónimo que revelou ao Ocidente a vida de S. Paulo. O livro que o santo doutor consagrou ao primeiro eremita cristão encantou e instruiu gerações sucessivas de solidão de fiéis e inspirou numerosos artistas. S. Paulo terá morrido em 341, na solidão de Tebas, depois de receber aos 113 anos, a visita de Sto. Antão, e muitos outros entre os Padres do Deserto, exerceram na sua época e em gerações sucessivas aquela misteriosa influência que foi sempre o apanágio dos homens de Deus, nos quais é tão forte a  atracção das coisas do Céu que os liberta de tudo o que é temporal e finito.

(continuação, dia 16)

A APOSTASIA GERAL E A GUARDA DA FÉ

Tentação a Cristo
O mundo está em tempos de Apostasia Geral. A Santa Igreja tem os seus sectores enfermados e confundidos (bloqueio), o mundo edifica um autêntico "reinado social do Anticristo" - não tardará que o ilegítimo príncipe governe o ilegítimo reino que sobre nós foi imposto. Ao longo dos tempos levantaram-se heróis da ortodoxia, no séc. XX destaca-se o Arcebispo D. Marcel Lefebvre que permaneceu fiel até ao fim, e de quem são as palavras que se seguem:

“É esta a apostasia geral, é sim que nós resistimos e as autoridades querem que aceitemos. Quando em Roma falei com elas, pretendiam que eu reconhecesse a liberdade religiosa, como o Cardeal Bea. Mas neguei-me a tal. Eu não posso. Minha fé é aquela mesma da Cardeal Ottaviani fiel a todos os Papas e não a essa nova doutrina já condenada. [também o Cardeal Ottaviani acabou por ir abandonando, como foi o caso mais contrastante o do Missal]

É isso que faz nossa oposição. Nem é tanto a questão da Missa [missal de Paulo VI], por que a Missa é justamente uma das consequências do fato que se quis aproximar a Igreja do protestantismo e transformar-lhe o culto, os sacramentos a doutrina, o catecismo, etc...
 
A verdadeira oposição fundamental é o Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo [reinado social de Nosso Senhor]: Importa que Ele reine, como nos diz São Paulo. Nosso Senhor veio para reinar. Eles dizem não [a isto], e nós dizemos sim com todos os Papas [anteriores]. Nosso Senhor não veio com a finalidade de esconder-se no interior das casas e delas não poder sair. Por motivo tantos missionários, se tantos foram massacrados? Para prégar Nosso Senhor Jesus Cristo, único e Verdadeiro Deus, para dizer aos pagãos que se convertam; por isso os pagãos fizeram-nos desaparecer, mas não hesitaram esses missionários em continuar a dar suas vidas para continuar a prégar Nosso Senhor Jesus Cristo. Então, agora, seria preciso fazer o contrário, seria preciso dizer aos pagãos: “Vossa religião é boa, conservai-a, que sejais bons budistas, bons muçulmanos, bons pagãos!” É por isto que não podemos nos entender com eles, por que nós obedecemos a Nosso Senhor que disse aos apóstolos: “Ide ensinar o Evangelho até os confins do mundo”.

Por isso não é de estranhar o facto de não nos entendermos com Roma. Não será possível o entendimento enquanto Roma não voltar a fé no Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, e enquanto ela der a impressão que todas as religiões são boas. Nós diferimos sobre um ponto da fé católica, como diferiam os cardeais Bea e Ottaviani, como diferiam todos os Papas com o liberalismo [assentamento no falso pressuposto que a liberdade é possível independentemente da verdade]. É a mesma coisa, a mesma corrente, as mesmas divisões no interior da Igreja." (D. Marcel Lefebvre em conferência de 27 de novembro de 1988, em Sierre na Suíça).

O Santo do Dia - Santo Hilário (14 de janeiro)

(ver anterior, dia 11)

Santo Hilário 
(14 de Janeiro)
Bispo, Confessor e Doutor
(festa de 3ª classe - paramentos brancos

Sto. Hilário, Bispo de Poitiers, foi, no século IV, um dos mais aguerridos campeões da divindade de Nosso Senhor. As suas pregações, o tratado que compôs sobre a Santíssima Trindade, as suas intervenções várias nos concílios e, finalmente, a audácia que o levou a combater o próprio imperador Constâncio, dão-lhe jus a ser considerado o intrépido apóstolo da verdade católica. Não suportava que, a pretexto de favorecer a paz e a unidade , se deixasse corromper o sal do Evangelho. A ambição dele era que o pudessem chamar o "discípulo da verdade. Morreu em 367. Pio IX declarou-o doutor da Igreja. 
Relíquias de S. Félix
(da capela de S. João Baptista, da Igreja de
S. Roque - Lisboa)







No mesmo dia:



São Félix
(14 de Janeiro)
Presbítero e Mártir
(comemoração - paramentos vermelhos)

O túmulo deste Santo, em Nola, pequena cidade ao sul da Itália, foi lugar de romagem frequentes na antiguidade cristã. Na Idade Média o culto de S. Félix espalhou-se em todo o Ocidente. Viveu no século III. Foi Presbítero e teve muito a sofrer na perseguição de Décio.


(continuação, dia 15)

O Santo do Dia - Santo Higino (11 de janeiro)

(ver anterior, dia 5)


Santo Higino
(11 de Janeiro)
Papa e Mártir
(memória - paramentos vermelhos)

Durante quatro anos do seu pontificado (138-142), Sto. Higino, que sucedeu a S. Telésforo na cadeira de S. Pedro, teve de combater a heresia de Valentim, cujos erros se haviam espalhado mesmo no seio da comunidade romana.


(continuação, dia 14)

O Santo do Dia - São Telésforo (5 de janeiro)

(ver anterior, dia 31 de Dezembro)


São Telésforo
(5 de Dezembro)
Papa e Mártir
(paramentos vermelhos)

Segundo o testemunho de Sto. Ireneu, o Papa S. Telésforo (o sétimo Papa), que governou a Igreja desde 126 a 136 (em tempos de Adriano e António Pio, imperadores), período de violência, perseguições , foi gloriosamente martirizado  por defender a Fé, em Roma. De ascendência grega, nasceu em Terranova da Sibari (Calábria), e foi monge eremita (do Monte Carmelo). Foi Papa desde o ano 126 até 137. A S. Telésforo devemos também a Missa do Galo, a celebração da Páscoa aos Domingos (calendário), as sete semanas para a Quaresma, o canto da Glória.

Embora os primeiros papas tenham sofrido martírio, é S. Telésforo quem mereceu de Sto. Irineu este título e destaque.

(continuação, dia 11)

O PADRE-NOSSO - A MODIFICAÇÃO INTRODUZIDA (III)

(continuação da II parte)

§ III

Pelo exposto vê-se que só na língua francesa, há hesitação entre dívida e ofensa. E digo hesitação, porque o uso simultâneo dos dois termo, embora pretenda fundar-se numa sinonímia, muito discutível aliás, prova que não há fixidez.

Admitamos, porém, que em francês, dette e offense são sinónimos. E basta consultar-se um bom dicionário da língua, para se ver que o não são. Mas admitamos que o são. 

Sê-lo-ão também em português?

Já li que em vez de ofensas, melhor seria dizer-se pecados, e assim teríamos que dívida = pecado.

Tanto a noção filosófica como a noção teológica do Pecado são coisas complexas de mais, para que as aborde, neste momento.

Mas se posso pedir indistintamente a Deus que nos perdoe os nossos pecados, ou que nos perdoe as nossas dívidas, porque não traduziu a Vulgata o grego opheilema para peccatum, e só reservou este termo para o grego de hamartía de S. Lucas?

Loisy ensina que "le mot opheilema... se prend ici pour synonyme de hamartía" (Les Évangiles synoptiques, I, pág. 606).

Porque não empregou o tradutor de S. Mateus o termo hamartía, nos lugares em que se refere a dívida, ou obrigação contraída, e porque não usou do termo opheilema, quando falou em pecado?

Se os dois textos, o de S. Mateus e o de S. Lucas, são substancialmente iguais; se este não é mais do que um resumo legítimo daquele; se no texto de S. Mateus não se contém substancialmente nada mais do que no texto de S. Lucas, porque não adoptou a Igreja o texto deste, onde se fala precisamente em pecado, hamartía?

Mas se tivermos em contra a definição que de pecado dá Sto. Agostinho na sua fórmula clássica e modelar - "Peccatum est dictum vel factum vel concupitum contra legem aeternam", nós podemos dizer que opheilema = hamartía, e que, consequentemente, poderemos pedir a Deus que nos perdoe os nossos pecados, como nós perdoamos àqueles que pecam contra nós?

Empregando hamartía na primeira parte da frase, e opheilonti na segunda parte, não quis S. Lucas distinguir o pecado da obrigação? [1]

Pedindo a Deus que nos perdoe o que lhe devemos (pecados e faltas) como perdoámos aos nossos semelhantes o que estes nos devem a nós (obrigações), que não estaremos mais próximos do sentido que nos dá o texto de S. Mateus? Pedindo a Deus que nos perdoe as nossas ofensas (ou pecados), como nós perdoámos aos que nos ofendem (ou pecam contra nós), não corremos o risco duma equiparação como que sacrílega, por que identificamos o que é devido a Deus com o que nos é devido a nós?

Dívida é um termo genérico, amplo, elástico, onde cabem pecados, quási pecados, ou para-pecados,o ou imperfeições, numa palavra, tudo quanto constitua dever ou obrigação para com outrem - Deus ou a criatura.

Chamo a atenção para o texto já citado da Regra de S. Bento, em que o tradutor explica que por dívidas, devem entender-se "desfalecimentos e errores".

Pedindo a Deus que nos perdoe as dívidas que Lhe devemos, como nós perdoámos as dívidas que nos devem a nós, convenientemente esclarecidos, saberemos o que, sob o termo dívidas, está na alçada do perdão de Deus, e o que está ao alcance do perdão dos homens. Como podemos fazê-lo, ou como poderemos fazê-lo, em relação ao termo pecado, cuja noção substancial implica a infracção da Lei eterna?

Pois não é verdade que, quando se ensina a oração se ensina ao mesmo tempo que, no quarto pedido, o "pão quotidiano" não é só o pão que nos alimenta materialmente, mas tudo o que é necessário à existência?

O que é certo é que há seis séculos que nós pedimos a Deus que nos perdoe as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores, respeitando a tradução da Vulgata do texto grego do Evangelho segundo S. Mateus.

No que me parece que se devia insistir era no carácter colectivo da oração dominical que muita gente supõe ser oração apenas pessoal ou individual.

Sempre que cada um de nós reza o Pai Nosso, não fala só em seu nome próprio, mas sim em nome de todos os Cristãos, como tão luminosamente o ensinou S. Cipriano, quando diz que o Senhor "unum enim orare pro omnibus voluit, quoniam in uno omnes ipse portavit".

Nisso me parece que se devia insistir, de preferência a modificarem-se os termos da Oração dominical. Porque já um simples camponês me perguntou se "até agora se tem rezado mal", presumo a inquietação que deve ter entrado em tantas almas, ao verem que o Pai-Nosso que lhe ensinaram não serve, e ao interrogarem-se a si próprias sobre o tempo que durará a vigência ou préstimo da nova forma.

Nós os medianamente cultos, não ignoramos o debate travado à volta das vantagens ou desvantagens da oração livre, em face da oração estereotipada, ou seja da oração espontânea, que traduza o impulso momentâneo do coração de quem reza, e da oração formulada, decorada, e, portanto, mais intelectual que efectiva. Mas o homem singelo, o carvoeiro, de cuja fé tanto se desdenha agora, esse fica-se embaraçado e doente, se vê que o Padre-Nosso que lhe ensinaram já não presta, e suspeita de que o que aprende agora não prestará um dia.

Cumpre notar-se ainda que a fórmula da Oração dominical foi Nosso Senhor quem a estabeleceu - no dialecto de que se servia, mas de que nós, infelizmente, desconhecemos os termos.

Aceitado o texto de S. Mateus, na versão grega conhecida, - creio que em todas as línguas [2] através ou não da Vulgata, se fixou um fórmula. Há vantagem em mexer nesta?



[1] Nunca encontro, como tradução de pecado, outra palavra que não seja hamartia: por exemplo em S. Marcos II, 5, 6, 8 1 10; e o hamártema de III, 28 corresponde ao hamartia. Excepcionalmente, paraptôma: no Didaché, IV, 14; XVI, 1; em S. Marcos, XI, 25. 

[2] A Princesa de la Tour d' Auvergne, Aurelia de Bosse, fundou, salvo erro, no monte Olivete, um mosteiro para as carmelitas, em cujo claustro se lê, em quadros de mosaico, e em trinta e cinco idiomas, a Oração dominical. Gostaria de, até onde chegassem as minhas poucas luzes, fazer o estudo comparativo dessas versões.

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