SOBRE S. GONÇALO DE LAGOS (II)

(continuação da I parte)

II CAPÍTULO

Acções de S. Gonçalo Desde Que Tomou o Hábito Até se Ordenar Presbítero


Ignoramos dia, mês, e ano, em que recebeu o Hábito S. Gonçalo, e o da Profissão também o descuido o sepultou no esquecimento; defeito comum naquele século de ouro, em que todos os cuidados levava o espírito; sabemos porém que S. Gonçalo era neste Convento noviço, sendo Provincial Fr. João de Famon, o qual governou o biénio de 1389, e 1381, sendo Sumo Pontífice Urbano VI, Rei de Portugal D. Fernando, Geral de toda a Ordem (parece que tem mistério) o Beato Boaventura Patavino, depois Cardial da Igreja Romana do título de Santa Cecília.

Sabemos também que Gonçalo desde o primeiro dia de noviço mostrou ser na perfeição tão veterano, tão pio, mortificado, austero, que o Mestre julgou que escusava ensino, só necessitava moderado, para servir a todos de exemplo em estado que pudesse imitá-lo. A Universidade de Coimbra, estava nesse tempo em Lisboa, eram Reitores dela os Priores do Convento da Graça, e os Religiosos do mesmo os Lentes dela de Cânones, e Teologia; aqui estudou S. Gonçalo Artes, e Teologia com tal aproveitamento, que os estranhos o julgavam oráculo, os domésticos tão douto, e perfeito, sólido, engenhoso, e agudo, que os Prelados quiseram que se doutorasse logo; mas Gonçalo, a quem já o Púlpito levava as atenções, e o tempo, sem ter mais que Ordens até Diácono, atento só a estripar vícios, instruir almas, e aperfeiçoar justos, de sorte se desculpou humilde, e sem desobedecer esteve constante, que os Prelados o mandaram ordenar Presbítero, e lhe deram totalmente o emprego do Púlpito, porque já soava em todo o Reino a virtude, e eloquência de Gonçalo, publicada um coisa, e outra pelos que remediava a sua doutrina.

(a continuar)

Sem comentários:

Enviar um comentário